domingo, 30 de janeiro de 2011

SER ADULTO - Reflexão sobre a (i)maturidade.


Acho que as relações familiares mais conflituosas poderiam ser resolvidas facilmente se cada um fosse verdadeiramente responsável por si e pelas próprias escolhas. Quando se completa a maioridade, cria-se a ilusão de ter se tornado adulto e, portanto, apto a fazer o que achar melhor para si.

Isso seria muito bom, teoricamente, mas o problema é que nem sempre - ou quase nunca - a idade mental acompanha a idade cronológica. E a maturidade implica em que essas duas caminhem juntas, ou seja: que as atitudes de uma pessoa de trinta ou quarenta anos não se confundam com as de um adolescente. Mas, infelizmente, é o que mais vemos na nossa sociedade, hoje em dia. E, pior ainda, bem mais próximo de nós: na nossa família.

A idéia de que "os pais cuidaram dos filhos pequenos e devem ser retribuídos na velhice" deixa margem para muita interpretação. Faz pensar que os pais podem cometer todos os seus erros e serem incautos o quanto quiserem, que no fim da vida terão um dos filhos, pelo menos, para acolhê-los, abrindo , não só os braços, mas a casa, a privacidade, o casamento... E até esse comportamento, não só é incentivado por esse tipo de pensamento, bem brasileiro, como, também é resultado de um longo histórico de imaturidade e má interpretação dos valores da vida adulta.

Ser adulto não é fazer o que bem entende, mas fazer escolhas corretas. Ser adulto não é casar e ter filhos que cuidarão de seus pais na velhice, como se fossem um tipo de seguro social, "bolsa-velhice", ou algo assim, mas, sim educar seres humanos integrais, autônomos e independentes, capazes de cuidar de si e ser exemplo para eles . Ser adulto não é apenas ter um emprego, mas garantir o próprio sustento, sem depender de familiares. Ser adulto não é ser o dono da verdade, mas aprender sempre uma coisa nova, até mesmo com os mais jovens. Ser adulto não é se dar por vencido e entregar os pontos, mas ter sempre um novo ânimo para recomeçar e saber quando deve pôr de lado um sonho antigo e abraçar um novo. E, muito mais que sonhar, ser adulto é realizar esses sonhos, dispondo dos próprios recursos para isso.

Ser adulto é entender a vida como uma eterna integração, como um aprendizado sem fim, com vários estágios, degraus que não se acabam, que sempre levam a níveis mais altos na vida. Ser adulto é ter consciência dos erros, dos traumas, das dores e guardá-los na memória como as lições mais preciosas e não apenas temer que se repitam e usar esse medo como desculpa para não continuar crescendo.

Ser adulto não é ser uma criança num corpo maior. Ser adulto é crescer por dentro, não importando a estatura física. E o que mais vemos são pessoas que atingiram a maioridade civil, tendo comportamentos incoerentes. Fazem bico, cruzam os braços, batem o pé, se jogam no chão, esperneiam, gritam...até que alguém os pegue no colo e os carregue para onde querem ir. E, ao invés de concentrar seu esforço no próprio crescimento, eles se fixam em fazer cada vez mais birra e, por sua vez, quem os pega no colo, conivente por não entender o real significado de maturidade, não consegue se desenvolver plenamente. Essa relação acaba com um se sentindo esgotado e sugado e o outro se sentindo ao mesmo tempo insatisfeito e um peso para quem o carrega.

Ser adulto deve ser o equilíbrio entre a independência e a cooperação. Quando se é maduro, não se é um estorvo, um fardo para ninguém. Quando se é adulto, se cresce e ajuda a crescer.

Enfim, meus amigos, para ser adulto vale a máxima: Viver e deixar viver.

4 comentários:

  1. Irmã,
    concordo plenamente, tudo poderia ser resolvido "facilmente se cada um fosse verdadeiramente responsável por si e pelas próprias escolhas". Esta relação de dependência aprisiona as duas partes e no fundo, ninguém sai feliz. Pq não vive e não deixa o outro viver.
    Beijos

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  2. adorei seu texto... posso postar no meu blog?
    coloco referencias

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