quinta-feira, 21 de julho de 2011

DESASTRES NATURAIS


Não dá mesmo para saber se escolhemos o caminho ou se ele nos escolhe. Se tudo o que vivo é resultado do que desejo, como explicar a dor? A perda? O luto? O desastre? Em algum momento ou desejei isso? Eu poderia ter evitado? O que eu deveria ter feito? É absurdo até perguntar. Então o que dizer se me pego a pensar sobre isso?

Não estou me culpando, não. Não estou procurando onde eu errei no meu caminho. Não estou procurando morbidamente me responsabilizar por minhas perdas. Mas, pensar sobre isso me traz um pouco mais de conforto. É como se eu estivesse me reorganizando, é como se eu estivesse recolhendo as grandes pilhas de entulho que ficam depois do terremoto, o furacão, o tsunami...

Então eu penso... Penso nas perdas, penso nos caminhos que me levaram até elas. Penso em como foi que os carros foram parar em cima das casas desse jeito e como as raízes das árvores ficaram no lugar de suas copas... E tentando refazer a trajetória do vento que desenha esses cenários malucos, eu me pego admirada.

Mas como é que eu posso me admirar de tamanha destruição? Como eu posso me admirar de uma perda tão grande?

Não é a perda que eu admiro, não é a destruição. Eu admiro a força que a move. Admiro a força que organiza e prevê os desfechos mais inesperados. Me espanto, me assombro e percebo meu lugar nisso tudo. Percebo minha impotência, minha pequenez... mas não me desprezo. Já disse que minha motivação não é mórbida. Eu apenas me curvo com respeito diante de tão maravilhosa força. Essa que cria a vida, que desfaz a vida, que rege a vida. Essa que determina onde todas as coisas do mundo vão estar no minuto seguinte. Essa que trás a alegria infinita do nascer e o respeito submisso do morrer.

E onde estão minhas escolhas? Se há uma força alheia a mim movendo tudo ao meu redor, no que é que eu contribuo? O que é vontade minha? O que é de minha autoria?

Bem... depois do desastre passar, eu posso sentar e chorar, fugir e não querer ver, ou eu posso tentar reconstruir tudo, retirar os entulhos, tudo o que um dia me serviu e que agora está empilhado, impedindo que eu siga o curso normal de minha vida. Aí está minha escolha. Aí está o meu poder. O poder de escolher o que fazer diante da grande Força que move o mundo e a mim consequentemente.

Ilusão pensar que sou eu quem manda. Ilusão pensar que o controle é exclusivamente meu. A única coisa que posso controlar é a decisão entre a admiração e a raiva. Entre a humildade e a rebelião. Entre a paz e a guerra. Aos desastres naturais não se evita, então apenas posso me abrigar e esperar até que passe, para reconstruir tudo novamente.

Um comentário:

  1. mulher!!!!!!
    você está indo muito bem, e isso me lembra nossa temporada em arujá onde vc escrevia um diário.
    Deus (A FORÇA) te abençoes cada vez mais.

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