sábado, 8 de outubro de 2011

DE VOLTA PARA O PRESENTE


Nossa! Pensei que levaria muito mais tempo para eu voltar a ser eu mesma.

Claro que igual, igual, não daria, mesmo. Estou diferente, sim. Perder um filho realmente me atingiu em cheio e me derrubou por muitos dias. Mas não dá para ficar caída para sempre. Já vai completar três meses... passou muito rápido, mesmo.

Mas o fato é que de uns dias pra cá eu tenho me sentido eu mesma. A mesma que era antes de tudo acontecer. A mesma pessoa tranquila e bem humorada. Livre para pensar e esperar o melhor da vida. A mesma pessoa despreocupada e confiante na Providência Divina, a mesma mulher apaixonada por seu homem e entregue a ele em todos os sentidos.

Tenho me sentido eu mesma, mas só consigo saber a diferença porque passei dias, semanas sendo outra pessoa. Sendo alguém que precisa sorrir para não chorar, falando coisas que não eram realmente verdade, ou que não correspondiam ao que eu estava sentindo. Passei esses dias sentindo a dor e o vazio de uma gravidez interrompida. Passei esses dias sem saber se era ou não uma mãe, se tinha ou não um filho, se podia ou não tentar de novo. Se deveria chorar a dor da perda ou esconder isso de todos e me fazer de forte. Passei esses dias com a sensação de estar esquecendo alguma coisa, de ter perdido algo, como se estivesse voltando ao estacionamento e meu carro não estivesse mais lá, ou chegar em casa do shopping sem alguma sacola... Tipo: perdi, não tem mais volta. Enfim, passei dias de luto com todo o seu significado.

Chorei de dor por um tempo, depois de saudade. Hoje percebo que o choro é diferente. Tem um pouco dos dois, mas também tem esperança, tem amor, tem vontade de tentar de novo, tem orgulho e superação!

E é por isso que, quando menos esperava, me dei conta que tinha voltado a ser eu mesma. Talvez não exatamente igual, pois o que passei me adicionou tanta coisa nova que seria impossível dizer que não mudei nada. Mudei sim, e muito! Mas a mudança foi no sentido de que tudo o que eu era somente aumentou. Minha força de vontade, minha alegria de viver, minha esperança e fé na vida, meu amor por meu marido, meu orgulho de ser filha dos meus pais e meu amor por eles, meu bom humor, minha positividade... essas coisas que me compõem!

E vieram algumas novas. A compreensão do amor que minha mãe sentiu por mim todos esses anos e de que cada gesto dela foi a forma que ela tinha de expressar esse amor. Também entendi o que é ter amigos de verdade por perto, que me trazem plástico bolha pra estourar enquanto preciso ficar de repouso! E me olham como se sentissem a mesma dor que eu , sem precisar dizer nada. E de ver o homem que eu escolhi para minha vida sendo muito mais corajoso do que eu poderia imaginar, se mantendo forte no momento mais difícil.

Essas coisas agora fazem parte de mim, me modificando profundamente... Mas eu ainda sou eu mesma! Estou de volta à superfície depois de um longo tempo sob uma espessa camada de terra, sem luz e sem ar. Mas protegida, esperando o momento certo para sair e reviver!

Estou me lembrando de como era ser Eu antes de ser Mãe. É como se eu tivesse ido ao futuro, visto como tudo iria ser e voltado para fazer tudo certo no presente. Estou no mesmo lugar de antes, mas com sentimentos e conhecimentos novos. E agora que voltei para o presente, olho para o meu marido, minha família e meus amigos e sei do que eles são capazes... olho para mim mesma e sei do que sou capaz. Então é isso! Vou viver o presente como se nunca tivesse saído dele, mas consciente e grata por esta minha segunda chance de ser Eu!

A vida está diferente agora. E eu sei por quê!

2 comentários:

  1. Bem vinda de volta irmã!!!
    Eu, o Du e o Miguel te amamos e estamos com você.
    Beijos com saudades

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  2. Bem vinda de volta boneca! Engraçado como geralmente a vida nos dá a segunda chance muito antes que a gente mesmo se dê. Que bom voltar e se reconhecer! Muito lindo sua visão e seu texto!
    Beijos, boneca!

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