Vou ensinar a ele que o conhecimento é maior riqueza que ele pode acumular. Vou ler livros e pretendo despertar nele o amor pela leitura. Vou mostrar que quando conhecemos mais sobre a vida, sobre o mundo e sobre a natureza, não nos deixamos ser enganados por qualquer nova idéia que surge, antes aprendemos a ser criteriosos ao receber novas informações.
Vou mostrar que entre os seres humanos não existem grandes diferenças, pois o que nos torna iguais está dentro de nós e não na aparência ou nas atitudes. Que não somos definidos por raça, cor de pele, gênero, opção sexual, profissão ou poder aquisitivo.Vou mostrar a ele que deve respeitar o próximo, vou mostrar a ele que cada um, inclusive ele, tem seu espaço e que isso é sagrado, não nos sendo apropriado invadir o espaço do outro a não ser que este permita. Vou mostrar a ele que existem regras de civilidade que precisamos respeitar por serem facilitadoras da nossa convivência com os outros neste mundo, como boas maneiras à mesa, regras de trânsito, respeito e prioridade aos mais velhos, portadores de necessidades especiais, gestantes, professores, líderes, e que o nome disso é socialização.
Vou tentar mostrar a ele que o ser humano é apenas mais uma espécie na natureza e que todas as outras são tão importantes e magníficas quanto nós. Vou procurar dizer sempre que este planeta em que vivemos é a nossa grande casa e que todos nós cuidamos dela para podermos ter onde morar. Vou dizer a ele que isso se chama consciência ecológica.
Vou ensinar meu filho sobre escolhas e como cada uma delas exige refletir, assumir e lidar com suas consequências, mas acima de tudo como cada pessoa é livre para escolher e não apenas viver sob imposições de outros, pois isso implicaria em invasão do espaço pessoal que já falamos aqui mesmo e vou dizer que o nome disso é responsabilidade
Vou ensinar meu filho que a mente é livre, que temos uma coisa maravilhosa chamada consciência e outra ainda mais maravilhosa chamada auto-consciência mas, acima de tudo temos a chance de alcançar uma outra forma, que é a mais suprema: a consciência cósmica... a consciência do Todo e que isso se chama espiritualidade
Vou mostrar a ele que não há nada que ele não possa ser, fazer ou ter, se assim ele decidir e desejar profundamente. Vou ensinar a ele o valor mágico do bem-estar e que a alegria e a diversão, juntamente com o amor devem ser a base de suas decisões nessa vida e do quanto é importante fazer apenas o que o deixa profundamente feliz e que essa é a verdadeira natureza do universo.
Vou falar sobre as leis universais, que regem tudo e todos, que nos torna iguais e que são eternas e infalíveis, como a lei do retorno, sob a qual tudo o que ele fizer, cada decisão que tomar, cada escolha, cada palavra e cada sentimento são como sementes que ele planta e que dirão que tipo de frutos ele vai colher na vida. Vou dizer a ele que este universo é vibrátil que tudo tem uma frequência vibratória e que essas frequências atraem outras frequências semelhantes. Vou mostrar que nada nesse universo é realmente separado e que a separação física é ilusão, que no nível molecular somos todos um só, sem divisões e que o que está unindo tudo isso é a energia básica que cria e sustenta o universo...uma energia que pode ser inteligente e auto-consciente e que a isso já se deu muitos nomes...mas o mais conhecido é Deus.
Vou, sim falar sobre religião com ele, mas sem dar preferência ou ênfase a nenhuma delas, não vou favorecer nem Jesus, nem Maomé, nem Moisés, nem Buda, nem Krishna, Vishnu, Ganesh, Ogum, Iansã, Iemanjá e tantos mais que existem e eu nem conheço... mas vou dizer o quê de importante para a humanidade cada um deles representa. Vou tentar falar sobre como cada religião se formou, como evoluiu, qual a crença principal e seu ritos mais importantes, qual a lógica de cada uma delas e em quê cada uma acredita. Vou mostrar a ele o valor histórico das religiões na formação da sociedade que temos hoje...e as consequências negativas disso também. Mas não vou deixá-lo acreditar que elas sejam sua única maneira de alcançar a comunhão com o Todo, pois já terei ensinado a ele que não há separação, não há condenação, inferno...que tudo isso faz parte do que algumas religiões entendem e acreditam como forma de fidelizar seus membros, ameaçando-os com dores eternas e que isso fazia mais sentido na Idade Média...
Enfim...vou tentar mostrar ao meu filho que ele é livre, que nenhum sistema de crenças pode tirar isso dele, que nenhuma escolha é mais importante que a dele, que ninguém pode assumir as consequências do que ele escolher no lugar dele e que ele não deve seguir nenhum homem, nenhum livro e nenhuma doutrina se isso não o deixar plenamente feliz ou se condicionar sua liberdade a qualquer ritual ou sacrifício. Vou ensinar a ele que ninguém pode lhe mostrar a verdade, nem dizer a ele o que é melhor. Ninguém deve impor suas crenças a ele... nem eu mesma...
No final, a decisão será sempre dele, pois escolha é algo pessoal e liberdade é um direito que ele tem.
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