terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Minha mãe e eu mãe

Minha mãe está aqui em casa pra me ajudar a cuidar do Caio, enquanto me adapto a volta às aulas e ao trabalho. São apenas dez ou quinze dias em que ela fica com ele enquanto eu cuido das minhas obrigações fora de casa. São apenas algumas horinhas de manhã durante a semana e outras poucas durante a noite nos finais de semana em que estou com meu marido na banda. São apenas algumas mamadeiras e pouquíssimas trocas de fraldas. Essa é a ajuda que ela tem me dado e o que eu esperava que ela fizesse quando pedi que viesse me ajudar.
Mas o que eu não sabia, nem de longe, era que ela faria por mim, nesses poucos dias, coisas que durarão pra sempre na minha trajetória como mãe. E que isso ela já fazia desde sempre, desde o dia em que eu nasci e ela se responsabilizou por minha criação e por fazer de mim uma pessoa de bem.
Ela tem me dado segurança, ela me diz coisas que me confortam, ela me apoia apenas olhando pro meu filho com orgulho... um orgulho de si mesma, por ter chegado até a esse menininho que ainda não sabe nada sobre ela. Orgulho por ter feito um bom trabalho comigo e por estar constatando isso agora, que é minha vez de fazer as mesmas coisas que ela há trinta e dois anos.
Hoje ela me disse que eu estou criando meu filho como ela criou a mim e aos meus irmãos... e eu fiquei pensando por alguns momentos em tantas coisas que vivemos na infância, fiquei pensando no que ela e meu pai devem ter passado de dificuldades, fiquei pensando na mulher corajosa que ela foi ao ter três filhos, ao deixá-los ainda pequenos numa creche pra poder trabalhar, ao ensinar a religião, o amor a Deus e a fé que ela tinha nele.Ao nos ensinar valores, ao nos mostrar coisas que não sairão de nossa formação moral nunca mais. Ao nos ensinar sobre respeito ao espaço próprio e ao espaço alheio, ao nos ensinar sobre independência, autonomia, força de vontade, persistência. Ao nos ensinar a nos defendermos e a não ficarmos apenas lamentando a vida ou esperando que as coisas aconteçam. Ao nos ensinar a ser atores e autores, não espectadores da nossa própria vida. A nos mantermos firmes apesar de tudo. A sermos resilientes.
  Fiquei pensando em nós três, os filhos, que hoje são adultos saudáveis física, espiritual, emocional e afetivamente. Temos nossos próprios filhos agora, que são crianças felizes e eles serão pessoas maravilhosas um dia e tudo isso porque ela nos fez quem nós somos.
E depois de ouvi-la dizer que estou fazendo como ela fazia, depois de ouvi-la apoiando várias decisões que eu vou tomando meio que no escuro na criação do meu filho, por ser inexperiente... e quando ela me diz: "Sim, isso é o mais certo. Eu fiz a mesma coisa com vocês e não me arrependo." Nossa! Não tem preço.
Ouvir minha mãe dizendo que eu faço pelo meu filho o que ela fez por mim me fez pensar um pouco. Me deu orgulho, me fez sentir mais autoconfiança e mais coragem de seguir minha intuição. Me fez perceber que minha relação com ela foi e é ainda melhor do que eu imaginava.
Eu não sabia que me espelhava tanto nela, mas agora que sei, tenho ainda mais confiança em mim mesma como mãe e sei que sempre vou fazer o melhor pelo meu filho, porque eu tive o melhor da minha mãe!

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